terça-feira, 22 de maio de 2007

bar

'Ele se senta sempre ali e pede mais dois copos'. Coxixou a bartender para o garçon referindo-se aquele homem super discreto de camisa preta e calça jeans sentado na mesa 18 com mais dois copos cheios sobre a mesa.
Dialogava com seus amigos na mesa do bar como sempre. Sempre às sexta ou quando eles apareciam sem avisar. Odiava quando isso acontecia, pois por mais atarefado que estivesse, e eram tão persistentes que poderiam fazer um elefante vestir uma blusa por conta própria. E a pior parte é que seus amigos não eram muito socializaveis. Nunca pediam mais cerveja, nem nunca a serviam. Sempre bebiam e comiam, mas não pagam a conta. Porem o homem de camisa preta nunca estranhara tal situação. Porem estranhava a reação dos outros no bar. Especificamente naquele bar. E não sabia porque seus amigos sempre escolhiam aquele bar.
Estranhara aquela 6ª-feira, onze de 05 de dois mil e 07 quando escutara a bartender dizer algo sobre ele. E a encarara com um olhar de dúvida expressa em suas sombrancelhas que realmente lhe sombreavam os semblantes. Sentou da mesa e seus amigos permaneciam em silencio e estáticos. O bar que já se encontrava vazio, tornara-se mais inóspito e sentira o assento desconfortável. Encarara novamente o garçon e a bartender e seus amigos insistiam na brincadeira. Resolvera ignorar e fixou seu olhar na janela em sua frente. Brevemente figurara dois vultos lhe fitando. Seu olhar transpassava a transparencia do vidro que sempre coberto por uma cortina, impedia que o interior virasse vitrine à fora. Mas a janela foi se tornando cada vez menos opaca e assim as paredes e de repente podia ver com clareza, o logradouro onde estava. As luzes se tornaram mais fracas e às da rua imperavam. As duas faces o fitavam com uma cara de dúvida, a mesma que fizera à bartender. E, então, percebera que aqla cadeira desconfortável era um pilar demolido no meio de escombros em um lote vago. O Homem de camisa preta não entendera o que fazia ali. E os dois vultos continuaram seu percurso original. Ele se levantara e fora pra casa.
Nunca mais seus dois amigos o visitaram. Até então.

2 comentários:

Anônimo disse...

se não fosse a parte de que o homem de blusa preta e calça jeans não estranhasse o fato dos amigos não pagarem a conta, eu diria que esse é um texto autobiográfico =P

Comentários sobre arquitetura disse...

Vc consegue o clima! Fui fisgado e li ateh o fim. Tem uma tensao e um modo de fazer as sequenciais bem intrincado, a descricao da alucinacao chega a ter um realismo amedrontador! Abracaum!